DBiz News: Sr. Carlos, em sua visão, o que sinaliza inovação em Supply Chain?
Carlos Coimbra: Acredito que as empresas inovadoras e de sucesso serão as que aplicarem as tecnologias disponíveis mirando o cenário futuro, preparando-se para a tão comentada Revolução 4.0. Com criatividade, competência e com foco na sua proposta futura de valor. Ë importante entendermos ainda que empresas verdadeiramente inovadoras serão aquelas que nascerem digitais.
DN: O Sr. poderia falar um pouco sobre inovação digital dentro de um processo tão específico como é o Supply Chain? Como, por exemplo, o conceito de “nuvem” se encaixa no Supply Chain?
CC: Há pouco mais de três anos, considerávamos computação em nuvem, Internet das Coisas (IoT), Big Data, Blockchain, Robótica, e várias outras tecnologias, como “disruptivas”. Atualmente, estas tecnologias devem fazer parte de todos os negócios. É importante deixar claro que todos precisamos saber de Tecnologia, pois deixou de ser um “elemento” dos negócios. Hoje, o profissional de TI passou a ser protagonista em todos os negócios e a Tecnologia compete transversalmente nos segmentos.
Gosto muito da frase do Tiago Mattos – Professor na Singularity University: “Quem não pensa sobre o futuro resolve o presente com as ferramentas do passado” e, se no nosso mundo isso é utopia, “Quem não se inspira nas utopias resolve o presente com as ferramentas do passado”.
Em relação a adotar a contratação de sistemas na nuvem, ela deve ser considerada pelo seu baixo custo e alta velocidade de processamento, isentando o contratante de custos com infraestrutura. A implementação é mais rápida e oferece maior segurança da informação, sendo mais flexível e estando mais facilmente conectada com outros sistemas (o sempre crítico processo de integração). Tudo isso leva a uma transformação mais inteligente e inovadora em Supply Chain.
DN: Diante desse cenário onde a Tecnologia passou a ser protagonista em qualquer negócio, quais são as grandes preocupações e desafios que as empresas enfrentam atualmente?
CC: Uma grande preocupação é buscar tecnologia para automatizar processos ineficientes, pois é o que tem encarecido as operações. Há investimento, depreciação, etc. Devemos buscar maior produtividade com menor custo, otimização de investimentos e a satisfação de cada cliente individualmente.
O objetivo de atingir o Supply Chain Transformation não é só o de “virar uma chave” e o futuro se faz presente automaticamente. Pelo contrário, é necessária uma jornada de transformação que deve ser projetada, iniciada, e ter sua evolução acompanhada na velocidade das inovações que estão surgindo – sob risco de as empresas ficarem obsoletas muito rapidamente, e deixarem de existir.
DN: Como ficam as pessoas no meio de toda essa automação, envolvidas por tecnologias como a Robótica e a Inteligência Artificial?
CC: As pessoas são o meu capítulo preferido nesta jornada. Deverão continuar a ser o principal foco das empresas. Devemos automatizar o que é repetitivo, para que as pessoas fiquem livres para criar.
Pessoas tratadas com respeito, desenvolvem bons relacionamentos internos e externos (que sempre foram a essência da Venda Direta), e com isso elas se engajam e se comprometem com os processos, os resultados, o futuro e a inovação. Na minha opinião, os robôs devem fazer o que os seres humanos não nasceram para fazer, como os movimentos repetitivos; o mesmo se aplica à IA, os tempos de reprocessamento serão mais curtos, dando mais espaço para criação.
Toda essa atenção com as pessoas reforça completamente o tema da inovação: precisamos desenvolver a cultura da inovação nas empresas, não apenas os aspectos tangíveis, como a forma como se vestem, o visual interno, etc. As pessoas precisam trabalhar com paixão, brilho nos olhos e amor no coração.
A escolha da pessoa certa no lugar certo é muito importante em Supply Chain. Tenho uma frase que diz o seguinte: “Não gosto das pessoas que trabalham muito, mas aquelas que trabalham bem.” Desta forma, teremos tempo para pensar no futuro.
DN: Então, já é possível antever como será a gestão de Supply Chain no futuro próximo?
CC: Na minha visão, será um grande painel de controle onde pessoas nas posições chave e com alto nível de conhecimento e desenvolvimento, tomarão as decisões em cada elo da cadeia. Nesse futuro, a palavra-chave será “Colaboração”. Criar um ambiente colaborativo, de confiança e cooperação mútua entra as pessoas e os parceiros de negócio. E desenvolver nas pessoas a cultura de inovação.
DN: Para finalizarmos, qual seria um conselho para as empresas preocupadas com esse futuro?
CC: Assim como todo mundo nesse momento de mudanças que estamos presenciando, também tenho muitos anseios, dúvidas e expectativas sobre o futuro. Eu sigo a recomendação de especialistas, como o Alvin Toffler, que diz: “Os analfabetos do século XXI não serão aqueles que não sabem ler e escrever, mas aqueles que não sabem aprender, desaprender e reaprender”. É um sábio conselho para estar preparado para o futuro, seja ele qual for. E finalizo repetindo a reflexão de Tiago Mattos, que reforça que a preocupação deve existi, para servir de mola propulsora em relação à solução: “Todos tem que se preocupar com o futuro, senão estarão resolvendo os problemas atuais com a soluções do passado”.