Carlos Eduardo Coimbra é o novo diretor associado de Supply Chain Transformation da DirectBiz. Especialista em estratégias de Supply Chain Transformation e Supply Chain Execution and Best Practices, ele traz para a consultoria e nossos clientes a experiência acumulada ao longo de mais de trinta anos de uma carreira de sucesso, desenvolvida em grandes empresas como Avon, Hermes, Hinode e DHL. Para celebrar esta conquista, o DBiz News realizou com ele uma entrevista sobre sua área de atuação. A conversa foi tão enriquecedora que decidimos dividir em duas edições do nosso newsletter. A parte de hoje traz detalhes sobre a atividade e a próxima abordará o aspecto da inovação.
Parte 1:
DBiz News: Sr. Carlos, entendemos que é muito relevante para nossos clientes dar mais robustez aos seus processos de Supply Chain, não só como vantagem competitiva nesse mercado de concorrência tão acirrada, mas também para tornar as contas mais equilibradas, em tempos economicamente muito desafiadores. Você poderia iniciar nossa entrevista destacando as principais mudanças que o Supply Chain obteve nos últimos anos que o nosso mercado deve considerar?
Carlos Coimbra: A cadeia de suprimentos básica composta por fornecedor – produtor – consumidor se tornou muito mais complexa: há mais participantes e “tiers” (camadas). Por exemplo, atualmente, se uma empresa deseja maior eficiência e precisão em seus processos, eles precisam abranger os fornecedores dos fornecedores de um produtor, que por sua vez distribui seus produtos através de um distribuidor, até a chegada do produto no consumidor final. A ampliação de escopo demanda entender corretamente os fluxos de informações, distribuição física e pagamentos para criar valor, construir uma infraestrutura competitiva, alavancar logística, sincronizar oferta com demanda e medir o desempenho.
DBN: Você mencionou “fluxos nos processos” e identificar e gerenciar estes fluxos são tarefas sempre desafiadoras em qualquer projeto. Poderia nos dar alguma dica sobre quais são os mais relevantes na gestão de Supply Chain?
Carlos: Sim, há diversos fluxos na cadeia de suprimentos que são críticos, como o Fluxo de Informações, que é crítico porque é de “mão dupla”, pois carrega informações importantes tanto no sentido dos consumidores para os fornecedores, quanto dos fornecedores em relação aos consumidores. É relevante também o Fluxo de Materiais, que deve ser contemplado no sentido dos consumidores, assim como o Fluxo de Pagamentos, no sentido dos fornecedores, e o Fluxo Reverso de Produtos.
DBN: E como as estratégias de Supply Chain podem fazer com que as empresas de Vendas Diretas cresçam, aumentem o seu faturamento e tenham maiores resultados?
Carlos: Posso afirmar que existe uma tendência irreversível de que o segmento de vendas diretas adote a Multicanalidade ou prepare-se para uma operação Omnichannel. Nesse contexto, é fundamental um Projeto do Modelo Operacional alinhado e adequado às Estratégias de Negócio ou Comerciais, assim como a adequação do Fluxo Operacional e do Fluxo Tributário, buscando menores custos para viabilizar a multicanalidade.
DBN: Quais são os principais pontos de atenção para que uma empresa tenha um processo estruturado para gerenciar sua cadeia de suprimentos?
Carlos: É fundamental que a empresa tenha as suas Estratégias de Negócio e as Estratégias Organizacionais definidas, porque a Estratégia de Supply Chain tem que ser absolutamente alinhada a estes objetivos de negócio para ser geradora de valor e não um centro de despesas. Um boa Estratégia de Supply Chain deve ter três elementos: o Projeto, a Execução e as Melhorias. E é fundamental que os três elementos ocorram e a falha em um elemento certamente resultará em fracasso.
DBN: Como se avalia o nível de maturidade da gestão de Supply Chain em uma empresa?
Carlos: Como estamos falando de um processo relativamente novo, mas que se baseia em conceitos clássicos, há diferentes estágios de evolução desse processo dentro das empresas. Na minha avaliação, adotamos o modelo da ASCM – Association for Supply Chain Management – considerando quatro estágios de empresas: Empresa com Disfunções Múltiplas, Empresa Semi Funcional, Empresa Integrada e Empresa Estendida. Desenvolvi uma metodologia que, através de uma palestra interativa com o time gerencial e o nível executivo, englobando uma análise de vinte critérios importantes em Supply Chain, gera um gráfico radar, que registra os principais “gaps”, atribuindo notas de 1 a 4. Assim, obtemos um mapa para identificar, em conjunto com o cliente, os principais pontos a serem abordados na implantação e acerto de sua estratégia.
DBN: Na sua opinião, quais são as Top Priorities e o ponto de partida para a tão atualmente comentada “Supply Chain Transformation”?
Carlos: Um bom começo é a redução de custos e despesas, aumentar a produtividade e integrar times de Supply Chain, Finanças e TI. A empresa deve ainda criar processos de negócio mais eficientes, apoiar seus processos em sistemas e automação, aplicando tecnologias disponíveis, como a computação em nuvem. O crescimento deve ser impulsionado com motivação das pessoas, incentivando uma cultura de inovação. Deve-se também buscar a melhoria da experiência do consumidor. Tendo esses pontos como foco para identificar o nível de maturidade da cadeia de suprimentos, já será possível identificar os principais “gaps”.
DBN: Para finalizarmos, já é possível antever como será a gestão de Supply Chain no futuro próximo?
Carlos: Na minha visão, será através de um grande painel de controle, onde pessoas nas posições chave, e com alto nível de conhecimento e desenvolvimento, tomarão as decisões em cada elo da cadeia. Nesse futuro, a palavra-chave será “Colaboração”. Deverá ser criado um ambiente colaborativo, de confiança e cooperação mútua entra as pessoas e os parceiros de negócio. E, obviamente, é preciso desenvolver nas pessoas a cultura de inovação.